Canais de informação para o consumidor


Brasil – Não há como negar: os selos de qualidade tomaram o lugar do gosto e necessidade no critério de escolha de muitos consumidores brasileiros. Hélio Mattar, presidente do Instituto Akatu, que atua na área do consumo consciente, não arrisca dizer quantos já circulam hoje no país, mas defende que são eles a melhor maneira de garantir a qualidade daquilo que consumimos. De uma lista no site do Akatu constam 28, que servem para certificar alimentos, produtos em geral e processos produtivos. Os primeiros selos surgiram no país, segundo Mattar, na década de 1980. Eram relativos à segurança, e foram usados para assegurar a qualidade de capacetes de moto e peças de veículos. Desde então, a variedade de selos aumentou.

Há no Brasil hoje cerca de 40 empresas, entre nacionais e internacionais, que estão aptas a certificar. São as empresas chamadas de acreditadas, que passaram a poder dar os selos a partir de uma auditoria do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Este órgão também tem seu próprio selo de qualidade técnica. Chupetas não podem conter algumas substâncias químicas, por exemplo. O certificador vai analisar a chupeta e assegurar que ela respeita esta norma. A vantagem da certificação está no fato de um terceiro, que não é o fabricante, assegurar a qualidade do produto, explica Mattar.

Há tipos diferentes de selos. Os usados em alimentos normalmente são associados, segundo Helio Mattar, à saúde. Garantem, assim, a origem do produto; índice de pureza; que estão livres de contaminação química; ou que têm teores considerados não-prejudiciais à saúde. Já os selos que são utilizados em produtos em geral asseguram desde melhor eficiência energética até qualidade técnica e segurança, como é o caso do selo do Inmetro.

Há também os selos sociais, que certificam alimentos e produtos em geral. Eles asseguram a qualidade do processo produtivo e do contexto de produção. Na prática, este tipo de certificação vai garantir, por exemplo, que no processo de produção foram respeitados compromissos em favor da infância e juventude; que são oriundos de floresta manejada de forma ecologicamente correta; que são socialmente justos e economicamente viáveis; que não desrespeitam leis de direitos humanos e normas trabalhistas, entre outros aspectos.

Hoje, uma simples visita ao supermercado consegue dar aos consumidores a dimensão da variedade de selos circulantes. O Procel assegura a eficiência energética do produto; Sociedade Brasileira de Cardiologia garante que o alimento não é prejudicial ao coração; Ecocert garante que alimentos e produtos não foram contaminados com produtos químicos; Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC) assegura a pureza do pó de café; Forest Stewarship Council (FSC) garante que a madeira não é proveniente de desmatamento; Energy Star assegura que fabricantes de computadores alcançaram um determinado nível de eficiência energética; Abrinq concedido aos fabricantes de brinquedos que respeitam os 10 compromissos em favor de crianças e adolescentes; Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) assegura que produtos e serviços destinados a crianças foram aprovados; Conselho Regulamentador da SBP Carbon Free garante que empresas, produtos e serviços tiveram suas emissões de GEE compensadas; e o Instituto de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) assegura a qualidade técnica e a segurança de produtos.

Mesmo com uma variedade de selos circulando, há produtos, como papel, que não são certificados ainda. Por isso, Hélio Mattar aconselha que, ao comprar um resma, o consumidor veja o verso pois traz informações sobre o processo de produção do papel. Para cosméticos, que contam com o selo Ecocert — que garante a qualidade da matéria prima para produtos orgânicos —, Mattar aconselha que se verifique se estão em conformidade com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). “Como cosméticos passamos na pele, é importante que estejam em conformidade com as normas da ABNT, que vai garantir que os produtos não fazem mal à saúde e são seguros”, informa Helio Mattar. Um outro cuidado que o consumidor deve ter, permanentemente, é buscar sempre informações nos sites das certificadoras de selos para saber se ainda certificam determinados produtos, ou se os selos ainda são válidos. “Às vezes o fabricante perde o direito a usar o selo certificador e, seus produtos, por má fé ou por ainda constarem de estoque, continuam circulando livremente no mercado com o selo na embalagem”, conclui Mattar.

Fonte: O Globo

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